Fazer um post sobre assuntos delicados e emocionantes que aconteceram durante a Segunda Grande Guerra não é simples, pois falar sobre algo forte e triste que marcou a humanidade de forma negativa e dolorida requer muita responsabilidade.
Não vou me atrever a tentar explicar os acontecimentos históricos, apenas deixarei aqui as minhas impressões e sentimentos quando pisei em Auschwitz.
E mostrar a riqueza e a forma que este museu em Cracóvia retrata este período triste da história.
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Parte do Uniforme do Oficiais da SS |
Vou começar pela Fábrica de Oskar Schindler...
A antiga fábrica de Schindler ou o restante que sobrou dela hoje guarda as memórias de milhares de pessoas que viveram o horror da Segunda Guerra.
O Museu fica em Cracóvia, próximo ao bairro judeu, bem afastado do centro.
A visita vale a pena, pois o museu retrata de forma comovente os acontecimentos da época. Inúmeras salas com peças legitimas da segunda guerra, depoimentos em audio e vídeo dos sobreviventes, fotografias originais e até mesmo uma pequena reconstrução de um "gueto" e também de "abrigos".
Na entrada da fábrica, ainda na rua, há uma amostra de várias fotos das pessoas que foram salvas por Schindler. A porta da fábrica já nos leva ao passado...
Pra minha surpresa o museu não tem como foco o homem Oskar Schindler, chega a ser secundária a referência a ele. O museu tem o seu nome porque neste local funcionou sua fábrica de panelas.
E a sua importância foi que a maioria das pessoas que trabalhavam nesta fábrica durante este período foram salvas, a história é bem retratada no filme "A Lista de Schindler" do diretor Spielberg.
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Nesta foto: coleção do artigos produzidos na fábrica, mesa do Schindler e corredor da fábrica |
O museu é muito bem elaborado, a foto acima tirei de uma das salas, onde há várias fotos de pessoas pelas ruas naquela época em tamanho real, estas fotos estão sobre um vidro, logo você pode andar entre estes vidros e a sensação é que você entrou dentro do ambiente.
O tema do museu é a invasão nazista na Polônia, especificamente nesta região e fatos sobre o holocausto.
Um pequeno detalhe que chamou minha atenção foi o "piso" em uma das partes da fábrica, o desenho em preto do símbolo dos Nazistas.
Houve momentos que "alguns objetos" tomavam conta do contexto...
Pra quem assistiu o filme (nos já assistimos) é interessante tentar lembrar de cenas que se passaram dentro da fábrica, o que me trouxe recordação foi a escada, lembrei de algumas cenas...
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Escada da fábrica, simulação do "Gueto" |
Como disse anteriormente a elaboração das salas é feita com muito cuidado. A recriação dos ambientes é muito perfeita.
Outro ponto que sempre mexe comigo é ver a reação da Valentina em relação ao contexto do que ela via, como já pretendíamos visitar a fábrica e também o campo de Auschwitz, durante a viagem de Dresden para Polônia eu e Ivan fomos explicando a ela de maneira simples o que foi a Guerra, quem foi Hitler, quem foi Schindler, os Judeus...
Resumindo ela entendeu quem havia "sofrido" e quem havia "causado o sofrimento".
Durante a visita sempre tento explicar a ela o que estou vendo ou lendo, os momentos que ela transpareceu sentir tocada pelo ocorrido estão na foto logo abaixo e vou descreve-los:
"Ver as malas e os pequenos objetos que os judeus e outros que sofreram a perseguição conseguiram retirar de suas casas, ver a porta que lacrava um quartinho onde muitos passaram anos de suas vidas e ver as cartas que foram escritas por eles e muitas delas nunca foram lidas..."
Pra mim comovente foi ver as listas, tudo era baseado em listas...
Nomes de pessoas que seriam assassinadas em galpões de gás, nomes de crianças que iriam para "ala de experiências médicas", nomes de mulheres grávidas que iriam pra "galpões das grávidas" para terem seus filhos assassinados assim que nasciam, nomes de homens que seriam encaminhados para "alas de confinamento" até serem assassinados...
Listas, listas...
Bem aventurados foram os nomes que foram parar na "Lista de Schindler", homem que a Valentina disse ser "homem do bem".
Outro momento de reflexão da Valentina... Este eu não precisei explicar muito.
Segunda Parte: Auschwitz
Essa foi uma visita a "crueldade humana".
A sensação no primeiro instante que saí do carro foi "nossa parece que estou num filme".
O instante quando atravessei a cerca de arame e muito próximo a mim estava o primeiro galpão...
Aí você fica quieta, cada um caminha em silêncio.
A realidade do lugar te toca profundamente.
Aos poucos Ivan foi lendo as placas dos galpões e entender todo aquele arranjo de galpões, organizados friamente por idade, crianças separadas das mães, mulheres separadas dos maridos, tudo ali era separado com a maior estupidez que um ser humano possa ter chegado.
Eu fiquei imaginando os prisioneiros chegando de trem dentro do campo, sendo separados dos filhos, e depois cruelmente mortos em câmaras de gás.
Ainda existe um dos vagões do trem lá em Auschwitz.
Auschwitz II, foi o maior campo de concentração já existente.
Estima-se que 1 milhão e 100 prisioneiros morreram neste campo, onde a maior parte eram judeus, seguidos de poloneses, ciganos e outras nacionalidades em menor quantidade.
Entrar dentro dos galpões foi instigante, ver as "camas" se assim podem ser chamado o lugar que dormiam, onde se lavavam... tudo muito triste.
Caminhamos por todo campo, enorme...
Curioso é ver a quantidade de turistas que visitam Auschwitz.
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Restos de uma das câmaras de gas |
No final da guerra, em 1945 os alemães abandonaram os campos e tentaram destruir o máximo que conseguiam para apagarem provas do maior genocídio já existente. Foram encontrados menos de 10.000 sobreviventes, a maioria doentes, enfermos...
Muitos prisioneiros sonhavam em um dia passar por esta cerca e terem sua dignidade de volta.
Conhecer Auschwitz foi uma experiência ímpar.